sexta-feira, 25 de outubro de 2013

No More Deep Breaths...


Respirar fundo é sempre um passo em falso, é sempre uma ilusão, é um copo d’água servido em uma crise, não ajuda, não serve pra nada. Eu não respirei fundo dessa vez. Eu chorei, chorei até quase perder o ar e depois eu continuei respirando, não foi fundo, foi só o suficiente, foi só respirando. Eu não sei o que se soltou em mim, um parafuso, quem sabe, ou talvez um pedaço, uma ponta solta, um encaixe. Algo quebrou, lá dentro dá pra ouvir o barulho de algo quebrado, quando eu ando, quando eu me movimento, dá pra ouvir perfeitamente que algo quebrou. Quebrou por dentro, quebrou onde ferramentas não alcançam, quebrou onde eu não vejo, onde eu não sei. Dor é sempre constante, tudo que quebra dói. Dor é a única certeza e respirar fundo não adianta.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Eternidade é...

Eternidade é só uma ilusão de quem sonha muito. É só mais um sonho, é só mais uma utopia. Eternidade é uma idealização, mas não existe, nunca pode ser provada. Nós, eu sei, nós não seremos eternos, por mais que eu queira acreditar que nossas almas são conectadas por essa força que se pode explicar. Eu não sei se agora, não sei se daqui mais cinco anos, mas eu sei que você vai embora, cedo ou tarde, talvez bem tarde, talvez mais cedo do que eu prevejo, mas sei que você vai. Eternidade é só uma palavra pra enfeitar o amor, é só um artifício. Eu sei que você não vai ficar aqui por muito tempo, mais. Eu sinto isso mais forte a cada dia que passa, você logo vai esquecer aquilo tudo que nós prometemos. Você diz que não, mas eu sei que você pensa, no fundo você pensa em ir, no fundo você pensa em se libertar, bater as suas asas, voar pra bem longe. Eu quero apenas poder fechar os meus olhos para sempre quando você finalmente voar pra longe de mim definitivamente. O ciclo talvez acabe, eu sei, quando eu acabar também. Eu quero o fim, se for pra arrastar os meus dias sem você. E eu sei que uma hora dessas você vai bater as asas e ir sem nem se despedir. Eternidade é um pássaro sem asas, eternidade não existe.

domingo, 13 de outubro de 2013

Rainha Vermelha



Me rendo miseravelmente aos teus encantos,
E caio de joelhos aos teus pés, ao teu trono,
Suplicante, espero pela tua sentença
Sou tua escrava, tua serva, 
Sou tua pra satisfazer até o teu mais vil desejo 
Tu és a Minha Dama, minha mulher.

Rasga a minha pele, poupa a tua
Derrama o meu sangue, não o teu
Bebe de minhas lágrimas, guarda as tuas
Desconta toda a tua raiva em mim,
Pois se aqui estou, é para servir somente a ti.

Me apresento como uma aliada, 
Uma tola apaixonada, uma devota,
Deposito em ti toda a minha fé,
Ofereço-te a minha vida,
Faz de mim teu escudo, teu soldado,
Ou faz de mim teu chão, se assim for do teu desejo
Em ti descansa a minha eternidade, o meu segredo.

Teu falar hipnotiza, então faz de mim tua marionete
Me torno mero objeto para os teus prazeres impuros,
Vem e faz de mim o que for do teu interesse,
Mas se não for, então mata-me, por favor!
Morro do mais puro prazer, mas só pelas tuas mãos
Em ti descansa o meu futuro, a minha promessa.

Sela o meu destino, beija-me com teu ódio
Teus lábios tem o gosto amargo do veneno
Tu és o próprio Diabo, então carrega-me daqui
Paralisada, mortificada
Mas para sempre tua, para teus desejos saciar
Apenas tua, Rainha dos meus sonhos,
Em tuas mãos descansa minha alma suja.

Quando tu, bela, atirar teu próprio corpo ao mar
Leva-me consigo, carrega-me daqui
Servi a ti meu corpo, uma oferenda
Meu sangue, símbolo da minha gratidão
Confio em ti para lavar a minha alma imunda
Para levá-la pra longe daqui.

E és tu, Rainha dos meus sonhos,
O anjo da morte, o próprio Diabo,
Confio em ti o meu segredo, posto que és tu
Aquela que deixou imunda minh’alma
E pintou-me toda de vermelho.

E eu que tanto amei a ti,
Meu maior pecado, meu crime mais violento
Tu, Rainha
Por ti, vendi a alma ao Diabo
E pelas tuas mãos, sangrei pela última vez.

I want to go home, but I don't know where home is...

Às vezes eu paro e fico apenas ouvindo a minha respiração. O silêncio ao redor, cortado apenas por sons ambientes. Minha respiração pesada, cansada, como se eu carregasse uma tonelada em cada braço dia após dia. Não carrego esse peso todo, na verdade, são raros os dias em que eu consigo sair de casa. Mas minha alma carrega talvez mais peso que isso. Talvez o peso desses anos que carrego comigo e talvez ainda o peso de todos os outros corpos e tempos em que esteve. Minha alma é marcada por feridas que eu conheço e por outras que não entendo porque as tenho. Sofro por decepções que ainda não passei, sofro por lugares que sequer conheço, mas sei que sofro. Eu sofro por 20 anos. E eu sofro por mais um milhão de anos. Carrego todos esses sofrimentos nas minhas costas. Eles refletem nos meus olhos, na minha respiração, na forma como me sinto perdida o tempo todo. Perdida no tempo, no mundo. Perdida em qualquer lugar. E não consigo achar o lugar que eu perdi nesses anos ou nos outros anos atrás, aqueles que eu sequer lembro mais. O que eu carrego, ninguém mais sabe. Eu não deveria lembrar, não deveria saber. Mas de alguma forma, eu sei. Eu sei que eu estou sofrendo por um peso muito maior do que o peso dos meus problemas superficiais. Eu sei que eu estou sofrendo por algo que eu perdi há um milhão de anos ou algum lugar ou mesmo alguém. Às vezes esse peso desaparece. Raramente, não dura nem cinco minutos. Talvez seja um tipo de sinal, talvez eu já tenha conseguido me aproximar da minha redenção. Mas eu não a alcanço, eu ainda me sinto cansada, pesada demais pra esse corpo. Preciso encontrar o caminho de volta pra casa, mas sequer sei onde fica a minha casa. Eu não deveria lembrar que eu não sou apenas isso, não deveria nem saber que eu já fui algo mais. Mas de alguma forma, eu sei que eu não pertenço e que eu nunca vou pertencer. A não ser que eu encontre aquilo que falta. Quem sabe eu dou sorte. Quem sabe só na próxima vida.

"Honor Me" – A poem inspired by Supervert's Necrophilia Variations (and a bit by Hannibal)



Kiss me, my dear 
Kiss my cold lips 
Make them look alive

As I lay there quiet
Kiss my bruises, 
my scars, 
my pale exposed flesh

Be my guest 
I welcome you as a lover, 
as a savior 
Leave your mark on me, dear 
Be the gentle grim reaper I need

Go on, suck the life out of me 
Kiss me as softly 
as Death itself would 
Love me as much 
as Death itself would 
Dare yourself, dear 
Love me for the last time

And for the rest of your life
Be the one to honor my remains 
Make me eternal

Then feast on my flesh 
And even make good use of my bones 
For that I shall be grateful

And even if you don’t want to
Then feed me to the stray cats and dogs 
Or to the starving mourning kids 
and the funny poor gentlemen
on the streets

Don’t let them put me to sleep 
On those sheets made of mud and dirt 
They disgust me 
And they shall probably disgust you

And I cannot allow it, my dear

Promise me 
You’ll get me out 
You’ll make me comfortable 
For I shall rest in peace

You can even take your vengeance 
for those times I made you mad 
You can beat me, 
You should know I won’t fight back 
I deserve it 
I want the punishment

You can cut me into pieces 
Bit by bit
Make little souvenirs out of me
You can sell me on a black market
Or even trade me for something you want 
you can make stuff out of my bones 
(even though they’re so fragile)

You can make me useful, dear
Like I never was
You can make money out of me 
You can sell my body to sick perverts

But you can love me forever, too 
you can keep a piece of me with you

Make jewelry out of my teeth 
To remind you when I used to 
bite your neck
and your bottom lip 
with those sharpless things

My nails on the other hand 
were sharp like knives 
and they will keep growing, my dear

You can paint them as you wish 
with colors I always hated 
I’m merely a slave on your hands now 
and I enjoy it

The only sad thing 
I can’t beg 
I can’t tell you how well you’re doing 
You became such a good sadist

I wish you could see 
How wet I’d get 
if you’d touch me like that
while I was still alive, dear

At this point 
I wish my flesh wasn’t 
perishing
and I myself weren’t 
rotting 
and disappearing 
slowly

Darling, if you are to feast on my flesh 
or feed me to the dogs 
then do it so, dear 
this flesh is hideously weak

Drink up my blood 
and my fluids 
Devour my flesh, 
eat it

Break my bones
with your bare hands 
arm yourself with them

Make dangerous weapons
out of my bones
Make me needed 
make me useful

Need me 
Let me please you, dear 
even if I’m not there 
to enjoy it

Do it so for me

When I’m gone
I shall give you this
with my signature

Our bodies shall unite as one

Leave your traces all over me,
My dear, my sweetest lover
Cut me here,
there,
everywhere you wish

Paint your walls 
with my blood,
Carve your name 
into my skin

Feast on my flesh,
Throw a party 
introduce me as a banquet

Turn my bones into dust
sniff them, 
let me swim through your blood
and make a living
right inside your brain

I want to live inside of you, dear
I want to be forever
I want to be eternal

Eternize me
Honor me.