terça-feira, 5 de novembro de 2013

Humor x Respeito

Todos nós sabemos que na internet com todas essas redes sociais, blogs, Twitter, Facebook, enfim, qualquer meio que possa conectar você ao mundo é uma ferramenta poderosa, mas em mãos erradas pode criar uma catástrofe inimaginável. Hoje rolando a página do Facebook, me deparei com um post, pensei em comentar, pensei em expor a minha opinião, mas aí eu me lembrei que: não adianta discutir com as pessoas quando você vê que elas não vão mudar de opinião e tão pouco vão aceitar a sua. Acho que foi exatamente por isso que eu criei um blog, pra falar sozinha sobre coisas que eu discordo ou concordo e casualmente alcançar uma pessoa ou outra. Eu gosto de discutir, sou cabeça dura também, mas eu sempre procuro aceitar a opinião alheia e expor a minha da maneira mais polida possível, o que não acontece em redes sociais, atualmente e principalmente no Facebook.
Mas voltemos ao foco da postagem. O texto falava sobre humor e sobre aquela velha máxima de "mas é só brincadeira". Aparentemente, o autor do texto é um comediante, eu pouco entendo sobre isso, fiz uma pesquisa de dois segundos no Google apenas pra saber a quem eu estaria "atacando", mesmo que para mim mesma. Ele falava sobre a censura, sobre as pessoas que "não sabem levar na brincadeira" e que "piada é piada". Errado. Eu me pergunto onde fica o respeito na hora de fazer piada? Não existe, simplesmente. Quem faz humor, acha que é absolutamente aceitável fazer piadas com conotações machistas, sexistas, racistas e todo o tipo de atrocidade e acham-se plenos no direito de se ofender se alguém achar ruim, porque "ah, eles estavam só brincando, pega leve aí".
O bullying que crianças sofrem nas escolas também é só brincadeira. Às vezes até certos crimes são cometidos "sem querer" ou "só na brincadeira". Na verdade, então vamos usar essa defesa pra tudo, não é mesmo? Você ofende alguém deliberadamente, mas se você disser logo em seguida que só estava brincando, que era só uma piadinha boba, a pessoa tem obrigação de acreditar que ela estava mesmo errada, que não podia se ofender por algo dito sobre a sua aparência, sua cultura, até mesmo sobre seu caráter e personalidade. Palhaçada! É isso que eu considero isso.
Infelizmente, hoje em dia as pessoas consideram como absolutamente engraçado o tipo de humor onde se denigre a imagem de alguém apontando seus defeitos ou o tipo de humor ácido que fala o que bem entende. Isso é liberdade, eu não sou contra liberdade, mas eu sou sim absolutamente contra a falta de respeito e isso merece sim uma censura. Hoje nós ligamos a televisão em pleno domingo à tarde e nesses programas de "família" onde ouvimos essas tais piadas e temos mulheres de shortinho e top dançando apenas pra enfeitar. Os pais não se importam, as crianças assistem isso. Mas ai dessa criança se o pai souber que ela encontrou o seu esconderijo de revistas Playboy. E eu digo? Ué, mas não era liberdade isso? Tá na televisão o tempo todo, qual o problema em ver em uma revista? Hipocrisia! Apenas isso.
Não, eu não concordo com a máxima de que qualquer tipo de humor é válido e as pessoas tem que saber receber isso com um sorriso na cara. Liberdade de expressão e de pensamento não é isso. Liberdade de expressão é usar o capacidade de pensar para alguma coisa boa, alguma coisa que possa fazer as outras pessoas crescerem intelectualmente. E aí o cara que alega que está sendo oprimido porque ele fez uma piada sobre negros ou judeus (ambos pontos que foram citados no tal texto e me diga agora se isso não é preconceito mascarado?) e ofendeu uma parcela grande de pessoas. Quem é que não está pensando? Quem está fazendo mal uso da tal liberdade?
Eu acho muito pior ouvir na televisão uma piada sexista ou racista do que ouvir um palavrão muito bem falado no meio da novela das seis. As prioridades são distorcidas. Educação, bons modos, até isso que deveria ser o primordial na vida de um ser humano tornou-se um espectro, possui duas faces quando na verdade deveria existir só uma. Eu torno a dizer, humor é uma coisa, falta de respeito mascarada é outra.
Eu não vou soar hipócrita, dizer que nunca ri ou nunca fiz nenhuma piada de mal gosto, porque eu já fiz sim, mas acredito que com certeza não fui tão cruel quanto os comediantes que se orgulham de fazer o povo, a massa dar risada com as atrocidades ditas em forma de piada. Eu digo: não! Não, não e não.
Isso não é sabedora, nem liberdade. Isso é pura idiocracia.

Do filme "Idiocracia".

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

I'm kind of always late...

Depois de todo esse desleixo, vim aqui dar um parecer pra quem quer que ainda acompanhe esse blog. Eu lembro que quando criei isso aqui, na primeira postagem que fiz deixei clara a possibilidade que eu tinha de acabar abandonando ou não seguindo minhas próprias expectativas. E era de se esperar que eu ficasse muito tempo sem postar ou que eu não falasse tanto quanto gostaria sobre minhas coisas, sobre a minha vida, enfim.
Eu sou uma péssima blogueira, dificilmente eu conseguiria fazer uma vida em cima disso como vejo essas garotas por aí, que falam sobre moda, sobre fotografia, sobre as vidas delas — mil vezes mais interessantes do que a minha, devo dizer — e filmes, livros e todas essas coisas. O que me leva logo a pensar que, certamente, eu fiz foi bem em desistir da ideia de fazer Jornalismo quando ainda queria muito isso, porque provavelmente eu estaria frustrada. Não que eu não esteja, ainda, por não estar fazendo absolutamente nada... O que me leva ao próximo ponto: já é Novembro! Faltam agora só exatos dois meses pro ano acabar! E parece que eu nem vi o tempo passando.
Esse é um dos clichês dos quais eu sou bem adepta, o clichê de não ver o tempo passar e estar sempre dizendo, "Oh, já passou tudo isso? Eu nem percebi!". A verdade é que eu acho que perco mais tempo pensando ou tentando planejar as coisas que eu quero fazer e isso me faz perder o tempo que eu deveria usar para fazer essas tais coisas. Eu deveria estudar, mas passo o tempo todo planejando sobre isso. Eu deveria realmente largar o computador, mas passo o dia todo apenas planejando assistir qualquer coisa. Eu não tenho disciplina alguma e isso é algo que eu preciso e muito. E preciso parar de deixar tudo pra depois, depois e depois. Um dia eu acho que vou acordar e me encontrar em uma cama de hospital com oitenta e nove anos de idade, exatamente do mesmo jeito que acordo todos os dias e vou pensar: mas já? E no dia seguinte eu não vou mais acordar e não vou nem perceber que eu morri e que minha vida não valeu de nada.
Assim como falar sobre essas coisas, eu perdi as contas de quantas vezes e em quantos blogs, asks e milhares de lugares eu já disse que precisava parar de desperdiçar o meu tempo, o que chega até ser ironia, pois ao começar a falar sobre isso eu já estou perdendo tempo. Mas viver não é gastar eternamente o nosso tempo seja lá com o que for?
Acho que eu nunca vou saber... E quando eu menos perceber, já vai ser tarde.

~ • ~

"Yeah, I’m a genius all right. You know what I’m a genius at? Wasting my own time. That’s what I’m a genius at. And do you know what wasting your own time means? It means killing yourself. Literally. If a young musician puts a gun in his mouth and blows out his brain, everyone cries about how he cut his life short. But you know what?  You’re stealing just as much time from yourself by indulging in weird urges. Don't waste time. Time wastes you." 
— Supervert

Fragilidade

Vida é coisa frágil. Em um momento você está aqui e no momento seguinte, se piscar os olhos, você já não mais estará presente. Vida é coisa delicada, é coisa pra se guardar. Foi num domingo que eu vi com os próprios olhos que vida é pra quem sabe cuidar e que a vida não pode depender de outras vidas. Vida é pra quem tem o coração ruim, os bons vão cedo, vão rápido, a gente nem vê. Um filhote veio brincar comigo, atravessou a rua sem olhar. Um desses de coração ruim sabia ver, podia enxergar, mas vida para ele dever ser apenas um brinquedo, um jogo de apostas ganhas. Vi o carro passar e não pude fazer nada. Vi o sangue sair de dentro daquela criatura tão pequena e não pude fazer nada. Vi ele agonizar, retorcer, senti toda a dor que ele sentiu. E não pude fazer nada. A vida abandonou os olhos do filhote e ele só queria brincar e eu não pude fazer nada, não pude correr atrás daquele carro vermelho, não pude ficar ali, não pude ver o sangue escorrendo daquela criatura pequena pela boca. Não sei se ele sentiu dor, não sei se foi rápido. Vida é esse artefato frágil demais, abandona os nossos olhos num segundo. Parar de respirar, parar de se mover. São minutos, longos minutos pra quem morre, eu suponho. E minutos rápidos demais pra quem pensa que pode salvar a todos. E minutos invisíveis pra quem sente o poder nas mãos, pra quem pensa poder tirar a vida de alguém. Animais ou pessoas. Que vida amaldiçoada deve ter o cara do carro vermelho. E talvez a minha por não ter feito nada. Por não poder nunca fazer nada.

N

Não vou pedir, 
nem implorar
Não vou chorar,
não vou nem piscar

Não vou falar,
não vou nem respirar
Não vou correr,
não vou nem andar

Não vou lá,
nem ali
Não vou a lugar algum,
nem perto, nem longe

Não vou,
não sei,
não quero nem saber.

My Jekyll Doesn't Hyde


Nesse mundo, todos temem
Temem a solidão, 
Temem a companhia
Temem a si próprios

Eu tenho medo de mim
E só de mim, sim
Do que eu faço à mim mesma,
Do mal que eu mesma me causo

Nesse mundo, todos temem
Você, principalmente
Você vive pra me evitar,
Pra temer à mim

Você me toma como inimiga,
Me quer longe quando eu estou perto,
Me quer perto quando eu estou longe,
Me quer, não me quer,
Bem e mal, mas me quer

E eu só temo à mim,
Eu sou meu motivo de choro,
Minhas angústias, minhas dores,
Sou eu e eu sozinha

Se eu culpo você, certamente
É apenas porque você está aqui
E quando você me empurra, 
Quando você me bate, não é você
Sou eu, ou talvez seja ela
Mas não você, nunca você

Você está aqui, mas a culpa é minha
E a dor que você me causa,
Toda por minha conta
Eu permito você ficar, talvez eu mereça
E ela sabe, eu não posso evitar

Eu não tenho medo de você,
Não tenho mais medo do que você pode,
Não tenho mais medo do que você quer,
Medo, medo eu não tenho mais
Não de você, não sobre você

Eu tenho medo de mim,
Tenho medo do que eu posso me causar
Tenho medo de me torturar mais,
Tenho medo de rir ao sangrar

É como se eu, aqui, não fosse só
Sozinha, não
É como uma moeda, uma face dupla
Meu Hyde é forte, pobre do meu Jekyll
Pobre de mim que sou fraca,
Mas ela, ela é forte

O que eu escrevo, ela ri
Mas gosto dela, ela me faz ver
Eu mesma sou cega, cega de nascença
Não vejo nada, mas ela sim
Ela vê por ela e vê por mim
Por nós

Ela ri de mim, me humilha
E por isso, me tortura
Sabe que eu mereço sofrer, sim
Que eu tenho culpa, que eu estou suja
Ela tem repulsa de mim e da minha fraqueza

Eu teria, também
E eu tenho, por isso não tento acabar com ela
Ela me mostra o que é viver, o que é ser
E é duro, duro como ela tenta ser

Acho que por isso ela não me mata,
Ela ri enquanto eu penso, mas não sou capaz
Ela seria e ela se diverte com isso,
Porque ela não quer me dar paz, 
Ela quer que eu veja a paz

Eu tenho medo de mim, 
Eu tenho medo dela, porque ela está aqui
Ela e eu somos apenas uma
Eu não tenho medo de você, não
A culpa é minha.